segunda-feira, 28 de abril de 2008

Papo sem começo e sem fim

Sou alma e corpo no limiar da paixão. Estou sempre em estado de latência. Quase água fervendo, embora isso não queira dizer destempero. Nem sou assim tão descontrolada. Ao contrário, penso prá caramba. Tenho lido alguns textos em blogs que confirmam os efeitos desse vírus poderoso chamado incontinência mental. Gente que como eu não pára de pensar nunca. Sempre acho que devo um dia me meter num desses retiros espirituais para o exercício do silêncio. Vou pirar, certamente.
Mesmo quando leve e desencanada, meu envolvimento emocional se expressa nos pequenos sinais, no passo que nunca é fruto do acaso, embora o possa ser da razão. Discuto tudo sempre com torpor, embora calma, muitas vezes até irônicamente divertida. Confesso que faço assim até para não parecer uma doida desequilibrada. Embora até eventualmente o pareça, pelo menos aos olhares de alguns.
Isso é coisa de mulher? Será? Somos todas capricornianas eletrificadas? Não...sei que não. Leio blogs de gente de todo o tipo, e alma, e jeito que pensa igual. Está certo....defendo idéias e acho que vou mudar o mundo. Sempre penso que tenho argumentos tão ricos que sou capaz de fazer alguém pensar, embora isso possa definitivamente dar em nada. Mas tenho uma auto-confiança grandiosa. E sem interpretações metafóricas, acho realmente que posso porque quero e se meu querer não atropela ninguém, tenho direito de fazê-lo.
Isso tudo foi só para dizer que tenho me exposto demais. Não aqui, nesse democrático espaço, onde sou como sou. Ou até não sou sempre. Ou quem sabe muito de vez em quando. Mas alguma coisa sempre vai sobrar dessa alma quase vulcânica, de erupções instantâneas, eventualmente computadorizadas.
Mas tenho revelado fraquezas. Quanto mais escrevo aqui, mais me revelo. E ao me revelar, pego o gosto pela coisa. Estou especialmente sensível, do tipo que se fragiliza - embora nem sempre deixe transparecer - por acontecimentos, ou palavras, ou olhares tão desimportantes. Às vezes nem me reconheço. Ou só me surpreenda.
Será que precisei passar tantos anos para conhecer, pelo menos mais intimamente, essa criatura que habita em mim?

3 comentários:

Cris Medeiros disse...

Esse texto parece demais comigo! Penso demais, me exponho demais... Essa mania de me expor sempre foi algo que lutei muito pra controlar, consegui pelo menos não me identificar no meu blog... ahahah... Mas volta e meia estou contando minha vida, minhas fraquezas para pessoas que não deveriam saber nada daquilo.

Quem sabe um dia isso seja solucionado?

Beijos

Marcelo disse...

Creio que nunca iremos nos conhecer por completo.
Essa é uma das graças da vida, termos a capacidade de nos surpreendermos conosco mesmos.
Penso demais também, demoro a dormir mergulhado em milhões de pensamentos, e gosto muito disso...
Não tenho o menor temor em escrever o que eu penso, mesmo que isso signifique "exposição".
O que está nas minhas linhas é o que sou, tem quem goste e quem odeie, pra mim o importante é que eu goste, e gosto...

Beijinhos meus.

Luciana Cecchini disse...

Nesse texto acho q vc se despiu. Acho que se entregou, por inteiro e sem medo. Pra mim, surtiu como espelho. Me vi. Me senti.

Muito lindo!!! gostei muito mesmo!

bjo,

Luci