segunda-feira, 28 de julho de 2008

Prá respirar

Sei que fugi de mim, de alguém que me surpreende e seduz, que me assusta e atrai, que me escraviza e liberta.
Sei onde estou escondida. As frestas e vielas permanecem violáveis, fugidias e fingidas, a expor a face que não mais se traveste. Mas fugi de mim, de alguém que me impõe a revolução, que atravessa as estradas e ignora o tráfego, que subverte a ordem e vai às ruas.
Barricadas incendiárias. Nem mais sei quem sou, mas ainda me trago à tona pra respirar, e me acalmar, me enganar, me perdoar. Nem tento explicar, nem quero. Fecho os olhos e os coquetéis molotov cruzam meus céus tal qual as traçantes balas da madrugada carioca.
Mas corro e escondo essa face que corrompe minha caminhada tranquila, que me impõe o trajeto tortuoso, entre pedras e declives. Sei que fugi de mim....mas já me entreguei há algum tempo.
Fui abduzida pelo encantamento e minha resistência goteja. Volto a pensar na imagem metaforizada que já não me abandona mais: o que posso fazer para conter esse mar?

9 comentários:

Joice Worm disse...

Verônica vejo seu blog com fundo preto quando chego aqui para comentar não vejo nada no branco...Fico com os olhos esquisitos... Mas o melhor é que passa e a pupila volta ao normal (risos).
(Coment) É excepcional quando sabemos onde estamos escondidos ou para onde fugimos, pelo menos assim, sabemos o caminho de volta.
Devias ler o meu texto chamado "Blog" acho que vais gostar. Um bj grande para ti!

Monique Frebell disse...

Pelo visto a maré tá alta e sozinha vc não vai conseguir conter essa fúria não! É melhor que nem navegue com o mar revolto desse jeito, a chance de naufrágio é grande assim como as ondas.

BJos e Sorte!

Desarranjo Sintético disse...

Hum...legal. Gostei do poema... não sei se tem como fugir de si mesmo, mas é uma questao que talvez a poesia comtemple...

Abraços...

Camilla Tebet disse...

Nada.. deixe as ondas virem. Nas ondas muito altas, um conselho: grude o nariz no chão, assim não vai levar um "caldo". Nas ondas baixinhas, suba com elas e olhe em volta, ali de cima da onda.. volte junto..e quando cansar, pegue um jacaré e fique sentada bem na frente do mar, olhando pra ele, até cansar... Mas acho que só cansarás quando entender a movimentação que ele traz.
Lindo post.

Anônimo disse...

Saia de perto do litoral.

israel disse...

hum gostei do seu blog, muito bom a maneira que vocÊ consegue retratar coisas do cotidiano e dar uma pitada de poesia a elas..

adorei, voltarei mais vezes!!

bjo!

Juliana David disse...

Fico fascinada pela meneira como escreve. É pura alma, é pura energia, é puro ser. me perco em teus pensamentos qunado encontro semelhança às minhas vivências. Acho que muitas vezes procuro respostas no mundo fora de mim, mas sei que as respstas estão dentro de mim. Basta achá-las. Adoro o que escreve.

Clecia disse...

Belo texto!Muito profundo o que escreve. Bjos e boa semana!

bsh disse...

A maré assim é inimiga.

http://desabafos-solitarios.blogspot.com/