Gosto de pensar em lugares para os quais desejo voltar sempre. Gosto de pensar em emoções que experimentei e que sempre penso retomar. Curioso como esse gostar nunca mais é igual, por mais prazer que ele te cause.
Tem lugares que conheci na vida e para os quais retornar é sempre um objetivo. Para alguns deles já retornei várias vezes e sempre relembrei, em outras cores e com outro olhar, o impacto que me causam. Sou carioca e não tem uma vez que atravesse o Túnel Rebouças e que não me tome do sentimento de êxtase que a visão da Lagoa Rodrigo de Freitas, descortinando-se aos meus olhos, me traz.
Amo voltar a Porto de Galinhas e embora a veja cada vez mais cidade grande, mais urbana, mais cheia de gente e lojas, sinto-me encantada diante daquele marzão absurdamente azul, em especial quando estamos próximos do meio dia. Voltaria a Paris todos os anos e ficaria novamente embasbacada diante da Champs-Élysées com o Arco do Triunfo ao fundo. Me sinto - essa é a verdade - premiada, como se desfrutar daquilo tudo fosse uma benção que me foi oferecida.
Adoro o clima praiano, simplório e, ao mesmo tempo, cosmopolita do norte da Espanha, especialmente da região da Galícia, onde meu pai vive. Tenho sempre a doce lembrança de estar sentada em um dos muitos bares da beira mar de Sanxenxo, uma cidadela absolutamente atraente.
Não abro mão nunca de um fim de tarde a caminho do Arpoador. E de um bom papo, de amigos, de bons vinhos e do ócio também. São sempre retratos dos meus momentos especiais, que retomo mas sempre experimento de forma diferente.
Pensei nisso hoje porque tenho experimentado deliciosas sensações de prazer com meus filhos. Prazer que já não mais se expressa apenas no doce e generoso carinho que trocamos, mas especialmente nos momentos em que os vejo felizes. Indescritível sensação. E por mais que esse sentimento também se revele de formas e dimensões diferentes, é bom demais.
Me sinto feliz e plena. E aí é inevitável: lembro de Paris, da Galícia, de Porto de Galinhas e do pôr-do-sol no Arpoador.
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7 comentários:
São nesses pequenos detalhes da nossa vida tão corrida e tão maluca, que a gente às vezes por conta de um insight perceba a beleza e a importância do que realmente importa. Um lugar gostoso. Uma paisagem bonita. Um pôr-do-sol. Ver os filhos felizes, crescendo... Ver a vida se movimentando.
Que delícia seu texto! Adorei.
Beijo carinhoso.
Existem lugares que nos fascinam mesmo. São capazes de nos cativar e sempre sonhamos voltar,não é mesmo? Um abraço!
Recordar é viver...
Vivo deste lado europeu há 22 anos. E se tenho 46 imagine a saudade que já tenho. Apesar de ir ao Brasil de vez em quando, o que me ajuda mesmo, são as boas lembranças da minha juventude. Que ainda bem que as tive.
Belo texto e um post bastante oportuno para quem tem saudades, Verônica.
Um beijo grande para ti!
Que linda a comparação dos momentos com seus filhos com lugares que ama voltar. É assim não é? Bons momentos com pessoas que amamos são lugares que sempre queremos estar. Mas o mais lindo é que cada vez que voltamos acontece diferente. Lindo seu texto. Cheio de um amor consciente, desse tipo de amor que é certeza comparada e raciocinada.Lindo! Espero que estejas sempre voltando a lindos lugares.
Bjos pra vc
Atualmente tenho viajado muito também e sem tirar os pés do chão. Faço isso com frequência, é uma espécie de relaxamento. Fecho os olhos e me transporto pra dentro de mim, relembrando momentos inesquecíveis que vivi, lugares incríveis que conheci e pessoas amáveis que conquistei.
Tô terminando de escrever um texto sobre isso. Nele eu descrevo tudo aquilo que me traz saudade...
Quando eu terminar esse eu vou postar no meu Blog!
BJinhos
Experimente e reexperimente, sempre.
Te linkei, espero que nao se incomode.
Adorei o texto, Vê. E me identifico com você no que diz respeito a lugares que me fazem perder o fôlego. Mas comigo é um pouco diferente. Eu me encanto com "cantinhos escondidos". Paris é linda e monumental, tudo é muito rico, amplo, alto, farto. Mas o que me emociona mesmo são os pequenos espaços aconchegantes que descubro virando uma esquina... Uma vez aconteceu numa rua sem saída em Itacoatiara, outra vez nas ruazinhas estreitas do centro de Bruxelas com seus pequenos restaurantes de frutos do mar. Da última vez, o que me emocionou foi a foto de uma pequena fonte em frente à uma casinha com flores na sacada que fica numa vila do sul da França. Nunca estive lá, vi essa foto numa revista e, no mesmo momento, meus olhos se encheram d´água...
Bjs,
Katia
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