quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Agora já era!!

Pronto...já era!!! Viramos adultos e tudo o que queremos é alguém que nos acuda, dissipe o que nos assusta, destrua o dragão que insiste em nos fustigar com labaredas incandescentes. Um super-herói indestrutível, a quem recorremos quando o trem por sobre a ponte insiste em tombar. Não importa se não verificamos os freios, se sequer conferimos a firmeza da ponte. Queremos que o mais forte ouça nossos apelos e venha em nosso auxílio.
Estamos todos boa parte de nossas vidas embaixo das mesas, escondidos das travessuras que fizemos, mas com os pés de fora. Qualquer um vê, mas brincamos de esconde-esconde e até nos convencemos de que o que passa em nossa cabeça é apenas o “making-off” da vida do vizinho.
Somos crianças vestidas de gente grande, de corpo avantajado e mente compulsoriamente madura. Não...não foi escolha, foi contingência.
E agora...já era!!! Não posso sentar na beira da calçada, chorar e chamar por minha mãe. Meus pensamentos antes delirantes viraram pensamentos pouco nobres. Quero sonhar e viver o sonho cotidianamente. Fazer da jabuticabeira meu quartel-general; da caixa de fósforos, um walkie-talkie poderoso; da bicicleta, minha nave “enterprise”.
Mas...já era!!! Estamos navegando em barquinhos de papel ao sabor do mar revolto. E os coletes salva-vidas furaram todos. Na ausência da fantástica escada que nos leva ao mundo maravilhoso de Alice, temos que vestir a capa da visibilidade e encarar. Com todas as encucações, pirações e devaneios que nos acompanham. Se isso significa olhar o espelho e não encontrar um mago a nos dizer de nossa incrível beleza e perfeição, que seja. Agora, meu irmão, já era!!!

12 comentários:

Cris Medeiros disse...

Por mais que sejamos forte, que a aparência seja de forte, sempre estamos em busca de um porto seguro!

Beijocas

Katia Bonfadini disse...

Vê, achei esse texto tão bonito, tão sensível! Me senti profundamente tocada. Como adulta, muitas vezes não assumo esse sentimento, quero ser ou parecer muito independente, totalmente capaz de administrar minha vida sozinha. Mas quantas vezes sinto que preciso de um colinho, de um afago, de alguém que diga: "isso vai passar, confia em mim"...

Katia

Camilla Tebet disse...

"Meus pensamentos antes delirantes viraram pensamentos pouco nobres."
É isso, já era. E eu vivo isso todo dia. Vc usou a imagem da menina embaixo da mesa.Usou ela pra mim uma vez. E não tem como correr ou gritar a mãe, é preciso enfrentar..e quando não se tem os instrumentos... eu sigo, sendo criança.
adorei esse post. Adorei tanto que meu comentário é assim, infantil

Janaina Amado disse...

Muito sensível, muito tocante este seu texto, Verônica. Só de você tê-lo escrito, já mostra que sua infância não se perdeu ainda, nem se perderá. A menina está embaixo da mesa, muito asustada (eu a conheço, aqui em casa tem uma também), mas continua menina.
PS - Talvez vc. goste das minhas "Meninas", o post mais antigo do enredosetramas.

luis lourenço disse...

passei para lhe agradecer a visita...li seu texto com atenção... estou de acordo com suas inflexões ...criança no adulto dá muito trabalho...mas a fantasia com os pés na terra é sempre muito amorosa...
abraços

Ruberto Palazo disse...

O famoso porto seguro, nao é? Sempre vinculamos isso na figura de alguem... mãe, pai... só que ninguem avisa que vamos crescer, achamos que podemos voar e ser como Peter Pan (Michael Jackson acha até hoje). Como se dormissemos e acordassemos no dia seguinte no meio da avenida Paulista e o sinal abre e somos quase que atropelados por carros, pessoas, gritos, barulhos, fumaça, problemas, responsabilidades, tarefas...
Mas fico pensando, será que quando procuramos alguem para dividir "n" coisas, é um porto seguro que procuramos?

Beijos

Tilty disse...

Amor é uma ficção da alma. Um dia aprenderás. E saberás, vivê-lo é melhor do que idealizá-lo.

Desarranjo Sintético disse...

É, dizem que tem-se que educar os filhos para a vida e não para si, mas não sei se cada um de nós e principalmente hoje em dia está tendo tal educação. Eu acho que você tem razão, agora já era. Mas se não viemos educados a levar tombos e a ter desilusões, certamente vamos aprender, nem que seja da pior forma e...acho que sobreviveremos...

Bjoks.

Fábio.

Sei que existes disse...

Crescer tem dessas coisas e outras mais maravilhosas!...
Beijo grande

Camilla Tebet disse...

vim ler de novo e já era. era-se já o tempo em que dava tempo né? era-se o tempo em que o tempo contava? deadlines? entrevistas na rua? era-se o tempo em que chovia e a matéria atrsava. era-se. era-se o tempo que corria-se para o laboratório do fotógrafo. hoje vem em megas. era-se o tempo que a gráfica ficava aberta de madrugada. hoje fecha e chega por ftp. era-se o tempo. era-se o tempo de acreditar.
Nostalgica hoje.

Vivian disse...

...agora já era mesmo!

de criança passamos a adolescentes.
de adolescentes passamos a mocidade e estudos e mais estudos.
da mocidade passamos a fase adulta,
fases da entrada no mercado de trabalho...
fase dos vinte, trinta, onde impera as competições para se subir na vida...quarenta, cincoenta, cobranças da família,
filhos adolescentes, ou já na mocidade...sessenta, terceira idade onde começam a fenecer os sonhos irrealizados...setenta?, oitenta?...pracinhas do bairro e jogos de carteado para homens, e encontros das mulheres para disfarçar a solidão e falta da familia toda reunida...a vida bate de frente, e com ela vem a frase: agora já era!!

bjus

Juliana David disse...

Verònica,

Obrigado pelo carinho de sempre. Gostaria de presenteá-la com Selo "Blog Perfecto". Veja no meu Blog.

Beijão.

Juliana