segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Verbo: Sentir. Tempo: Presente

Fui ao primeiro encontro do grupo de meditação. Na verdade, esse é o primeiro degrau de uma escada que vou encarar como um mote para 2009. Abrir espaço para o auto-conhecimento; oferecer-me a possibilidade de um olhar endógeno que me permita - quem sabe - desenvolver ou explorar mais o meu sexto-sentido: a consciência do que sou e do que realmente pertence ao meu tempo presente.
Como bem disse o mestre do grupo, passamos a maior parte de nossas vidas entre o passado e o futuro, pensando nas marcas das histórias que carregamos ou no que planejamos para o depois. Mas ao presente mesmo, ao nosso tempo real e às múltiplas possibilidades que ele oferece, somos sempre parcimoniosos.
Sentir é o verbo do nosso presente. Quando sentimos faz-se a ponte que nos traz para o tempo de hoje. É curioso pensar nisso porque sentir representa sempre um novo olhar sobre a vida, sobre os amores, as dores que temos e as formas, ferramentas que dispomos para fazê-las melhores. Reconhecer o caminho da dor é descobrir onde queima os pés e pensar livremente sobre como ser capaz de mudar de rumo.
Não quero mais gastar tantas horas do meu dia a revolver a lama em busca do anel que ali deixei se perder. No tempo presente posso sim ser o jardineiro de um jardim onde flores nascem e morrem, onde há tempo de floração e de seca, onde há cores e espinhos. Mas posso limpar sempre esse jardim, revolver a terra e, principalmente, retirar as ervas daninhas, as folhas secas., o que ficou para trás e não mais me pertence. Posso adubar, plantar de novo.
É isso...preciso da nova planta sempre; do ciclo vital que começa e se renova. Só eu posso ver e mudar a minha vida, só eu conheço verdadeiramente o ciclo da minha história.
Virar a página, com toda a sabedoria adquirida, é a grande vibe.

14 comentários:

Marcelo disse...

"Reconhecer o caminho da dor é descobrir onde queima os pés e pensar livremente sobre como ser capaz de mudar de rumo".
Essa frase me iluminou...
Ando pelo caminho do auto-conhecimento também, procurando em mim as respostas que só eu tenho. Buscando revelar a fonte das minhas dores e afastar-me dela de forma definitiva.
Não é um caminho fácil, mas reconheço ser o único que nos guie ao equilíbrio.

Beijos meus e adorei suas palavras, de verdade.

Menina do Rio disse...

Perdemos tanto tempo tentando recompor os caminhos percorridos e outro tempo imenso, tentando vislumbrar a próxima estação e acabamos por não prestarmos atenção na viagem, deixamos de ver os trigais ondulando ao vento, as flores na beira do caminho ou mesmo sorrir pros passageiros do mesmo vagão. Quando nos damos conta, passamos pela vida sem vive-la na sua totalidade, porque estamos presos entre as lembranças do que fomos e as expectativas do que seremos.

Muitas vezes e deixo de viver para sentir, mas compreendi que sentir é como pisar em areia escaldante num imenso deserto, onde a vaga ideia de uma sombra está sempre além da próxima curva; mas não há curvas, portanto...
Meu verbo em 2009: VIVER!!!

Veronica, obrigada pela visita à minha casa e pelas palavras que deixastes. Escreves com mestria, ao passo que eu só rabisco emoções.

Seja bem vinda, amiga

Um beijo
Veronica/Menina do Rio

Joice Worm disse...

Esta sempre foi a minha folosofia de vida, Verônica. Sobretudo só vejo e leio filmes e livros de amor e sentimentos humanos que sejam profundos e verdadeiros.
Cada dia é vivido com intensidade, e me sinto como se fosse uma parte integrante do movimento das coisas que me rodeiam.
Não é fácil relaxar de uma vez, mas com o treino diário, vai ser como um piscar de olhos.
Bem haja! Viva a vida!

luis lourenço disse...

Verónica!
lindíssimo o teu texto e a vibração que transmite...O sim pleno ao instante...que a meditação fecunda mas que só o rio da vida no seu pluralismo floresce...obrigado pela tua visita.
bjinhos
véu de maya

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Nossa, que texto!
Eu concordo com as idéias que você expôs ali... E o caminho da sabedoria é mesmo a maior vibe!
Adoreeeeeei!

beijos e borboleteios

Marcelo disse...

Conheço a música sim, Verônica.
E, de fato, é a melhor definição de saudades que existe.

Beijinhos

Henrik disse...

aconselho vivamente a meditação. um dos meus professores da faculdade é o presidente da União Budista Portuguesa. através da meditação, assunto muito discutido fora das aulas, chega-se de facto a um auto-conhecimento. desconheço se esse conhecimento é melhor do que outros, eu por exemplo posso afirmar sem vacilar que medito quando escrevo. pois o que escrevo, seja ficcionado ou não, é simultaneamente interior e exterior. é uma visão do que sou e de como vejo o mundo.
mas, há uma coisa que antes de entrarmos na meditação devemos consciencializar (mesmo que seja para posteriormente esvaziar) que o passado, como já escrevi há uns dias, é um passado que já foi, e portanto já não é, pelo menos para nós agora. descobrir-nos é também saber identificar o que já não somos e apontar olhares para o que queremos ser ou seremos. a meditação despoja-nos do nosso peso, mas a consciência agarra-o, portanto há dois tipos de meditação que se deve executar. ^^
Já agora, o domínio da nossa língua neste texto é maravilhoso, e vou estar de olho aqui.
*****

Ruberto Palazo disse...

Sentir é mesmo viver o presente, costumo dizer que devemos fechar nossos olhos e usar os outros sentidos. Os olhos ficam muitas vezes viciados e acabam sendo enviados para o passado ou futuro, mas fechá-los nos deixa sem limites e podemos explorar os outros sentidos, tão sensitivos, tão unicos, tão proprios, tão presentes.

Beijos

Henrik disse...

* Correcção: «O passado é um futuro que já foi».

Marina disse...

Sentir dói, mas é uma dor que fica mais amena à medida que se sente. É aí que nós recomeçamos, quando a dor for tão ínfima a ponto de ser suportável. É aí que deixamos para trás tudo que faz doer.

Linda reflexão, Verônica. Abraço e feliz 2009.

Camilla Tebet disse...

Que lindo. Que fase boa.. a de plantar coisas novas com as mãos da sabedoria do que já passou. Espero que medites coisas lindas e caminhos que te levem cada vez mais para consciência de vc mesma.
estava com saudade de ler aqui. ando meio quieta, sem palavras.. mas lendo.
Um beijo e um lindo 2009

Lupe Leal disse...

nossa! que revigorante! não sei se por ser uma grande convenção esse "renovar" de um novo ano, mas me sinto da mesma forma, com os mesmos questionamentos e, mesmo eu tão jovem, já os sinto velhos dentro de mim.

estamos aqui para aprender que uma vida de sorrisos sempre, não é a verdadeira vida feliz.

vamos aos mais belos sonhos. a vidda é presente, vamos a ela.

um abraço.

Unknown disse...

Tudo isso me pareceu muito pertinente!
Jardim, planta, adubo...
Boa resolução para 2009!!
Boa sorte nessa jornada!!

Luciana Cecchini disse...

Gostei muito dessa perspectiva sobre o tempo, que é vida. Sabe, me levou a refletir ainda mais sobre o filme “O curioso caso de Benjamim Button” – não sei se vc já assistiu, mas recomendo, de qquer forma. Pois tem muito a ver com esse seu olhar sobre a vida. De que é preciso viver na plenitude do hoje, extraindo o melhor de cada estação. Os momentos são efêmeros. A vida é valiosa. O hoje é seu tempo. Muito bom isso!
Bjos,
Luci:))))