quinta-feira, 11 de junho de 2009

Reconhecimento

Das várias ilações sobre o amor, gosto daquela que diz que nos apaixonamos pelo que reconhecemos de nós mesmos no outro. Talvez em doses mais equilibradas, talvez não. Mas é delicioso estar em sintonia de prazer e admiração com a resposta que vemos, com o olhar apenas e nem sempre com os ouvidos, no objeto de nossa paixão.

Curioso é perceber o quanto me fere e frustra ver - literalmente - ou reconhecer no outro o reflexo do que abomino em mim. Como as reações destrambelhadas e intempestivas, a ausência da razão, a agressividade desmedida, a mágoa revivida. Esse sentimento realmente me fere, me frustra, me faz reconhecer uma face que não me atrai ou apaixona.

O amor nos permite a interferência? A sacudidela emocional que leva o outro - ou a nós mesmos - de volta aos trilhos? A argumentação equilibrada quando os mares são de tempestade? O amor nos permite dar feições eventualmente tragicômicas aos acontecimentos que rompem a métrica perfeita da paixão?

Na verdade, acho que sim. Porque somos seres erráticos em busca de finais felizes, das paixões intermináveis, da profunda sintonia que preenche nosso corpo e alma. Sei do delírio de minhas blogueiras palavras mas, tal qual os poetas, sofro os sonhos e sonho o sofrimento.